Expressões, Música, Reino dos Bonifácios

Reino dos Bonifácios \ Júlio Pereira

O músico, compositor e produtor Júlio Pereira prepara-se para lançar este ano um novo álbum, composto por temas originais. O disco “Cavaquinho.PT” virá acompanhado por um livro de 112 páginas, onde João Luís Oliveira traça os percursos deste instrumento pelo mundo. As páginas conterão ainda ilustrações da autoria de Pedro Sousa Pereira.

Júlio Pereira, que completa este ano 61 anos, tem já uma longa e rica carreira, que sempre se caracterizou pela utilização de instrumentos tradicionais portugueses, onde se contam vários tipos de cordofones, que o músico domina com distinta mestria.

Fez parte de vários grupos de rock (de vários géneros de rock), de onde se destacam os Petrus Castrus, com quem lançou, em 1971, o álbum “Marasmo”. A lista de músicos com quem colaborou é longa e inclui José Afonso.

Nos anos oitenta destacou-se a solo, com vários trabalhos, onde traçava novos caminhos exploratórios, ao mesmo passo que catalogava géneros e instrumentos musicais portugueses. Destacam-se nesta fase os álbuns “Cavaquinho” (1981) e “Miradouro” (1988), onde misturava de forma inovadora para a altura, os sons tradicionais com sintetizadores e parafernália electrónica.

Júlio Pedreira é um dos principais dinamizadores da Associação Cultural e Museu Cavaquinho.pt.

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Reino dos Bonifácios \ Salto

Em 2012, os Salto assinaram um dos discos mais refrescantes da música pop feita em Portugal. A banda do Porto é formada por Guilherme Ribeiro e Luís Montenegro. Os Salto contaram, neste lançamento homónimo, com NewMax, dos Expensive Soul, que tocou vários instrumentos e que também produziu o disco, lançado com o selo Amor Fúria e da Norte-Sul (subsidiária da Valentim de Carvalho). Música para lembrar dias de sol.

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Reino dos Bonifácios \ G.N.R.

Depois de “Valsa dos Detectives”, em 1989 (faz este ano 25 anos), os G.N.R. lançam em 1992 “Rock In Rio Douro”. O disco foi gravado no Porto, com um estúdio móvel da Valentim de Carvalho e teve um enorme sucesso de vendas. O tema ‘Sangue Oculto’, que conta com a participação de Javier Andreu, vocalista dos espanhóis La Frontera, conquistou o alinhamentos das rádios (numa altura em que estas se encontravam numa fase de “formatação”).

Foi durante a digressão deste álbum que os G.N.R. se aventuraram a fazer concertos em estádios, tendo sido a primeira banda portuguesa a fazê-lo. As mega-produções em estádios de futebol começavam a dar os primeiros passos em Portugal nesta altura. Os G.N.R. esgotaram os estádios das Antas e de Alvalade, reflectindo o enorme sucesso comercial conseguido com “Rock In Rio Douro”. Aliás, feito nunca conseguido nem antes, nem depois, durante trajecto da banda.

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Balla: num filme sempre pop

Dizer que se faz música pop é, hoje, interpretado de forma pejorativa, como se se tratasse de género menor. No entanto, as grandes revoluções que operaram na história da música popular foram feitas à custa, precisamente, da música pop. Mas há uma grande confusão em torno desta questão, porque se mete no mesmo saco a música pop comercial (ou seja, aquela que é feita sem objectivo de inovar esteticamente, mas antes de vender o maior número de toques de telemóvel possível e onde a música é o que menos importa) e a música pop que é feita, por exemplo, pelos Balla.

Os Balla são Armando Teixeira. Armando Teixeira é muito mais que os Balla. E não seria preciso envergar uma t-shirt negra, com o urinol de Duchamp, para percebermos que, diante de nós, estava um esteta amaldiçoado por fazer pop inteligente, num país com vistas curtas. Diante de nós poderia estar um ícone pop, tal qual nos habituamos a ver em figuras como Morrissey, Jarvis Cocker ou Brian Ferry. A música dos Balla apresenta-se-nos como um combinado arty com força moderada e de extremo bom gosto.

O concerto que deu no Bar N101 no passado sábado, era o terceiro no mesmo dia. Numa altura em que se deixa de pagar para comprar CDs (o disco Canções é disponibilizado gratuitamento através da Optimus Discos), é fundamental dar o litro e tocar ao vivo. Não deixará de ser extremamente ingrato ver que o estatuto do que ali se apresentava não tenha chegado para ter um N101 cheio como em outras ocasiões. A ocasião definitivamente que o justificava.

Armando Teixeira esteve a conversar com a Filipa Henriques. O conteúdo dessa entrevista poderá ser ouvido no próximo episódio do Reino dos Bonifácios.

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Capitão Fausto: é isto uma parábola

Calor humano é uma expressão que usa sempre que uma mole de pessoas se junta e desse ajuntamento resulta de algo que os une, de motivos que partilham. Há color humano, nomeadamente, nos estádios de futebol, em encontros religiosos e em concertos de música.

Na sexta-feira, 25 de Janeiro de 2013, no Café-Concerto do CC Vila Flor, em Guimarães, para assistir ao concerto dos Capitão Fausto, o calor foi tão e só insuportável, o que apesar de tudo, não evitou a que se tivesse assistido a um bom concerto, numa sala cheia de gente para ouvir os lisboetas.

Os Capitão Fausto são jovens e por isso não tiveram tempo para produzir música sufiente e em qualidade aceitável para preencher o alinhamento de um concerto e mais dois encores, como eles próprios admitiram. Fresco está ainda o disco Gazela, que impressionou muita gente pela frescura do rock vindo da viragem do último século, de tipos que devem ter ouvido repetidamente Is This It dos The Strokes.

Além de ter servido para mostrar Gazela ao vivo, de forma competente diga-se, foi interessante perceber as novas direcções que a banda está a tomar e que deverá ser registada num disco prometido ainda para antes do Verão. Valeu sobretudo a pena perceber que os rapazes não tiveram medo de arriscar ao vivo e descreveram uma parábola que nos levou ao rock progressivo dos finais da década de 1960, inícios da de 1970.

Tomando os Capitão Fausto como amostra. Podemos arriscar dizer, sem medo, que a música urbana portuguesa está muito bem e recomenda-se. Nós, aqui no reino, é isso que fazemos e poderemos muito bem sugerir que comecem pelos Capitão Fausto.

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The Wild Booze: rock ‘n’ roll sobre rodas

Para o Homem do século XXI torna-se irrelevante, no dia-a-dia, saber quem inventou a roda. Francamente, duvido que alguém pense nisso sempre que se mete no automóvel de manhã para ir trabalhar. Da mesma forma, há quem advogue que tudo está inventado no rock. No entanto, tal como a roda, continuamos a abanar as ancas ao ritmo dos quatro por quatro.
Os The Wild Booze não inventaram a roda, mas usam os cânones do rock ‘n’ roll como se tudo estivesse por inventar. O concerto que o trio deu no Bar N101 é prova disso mesmo – electricidade sonora escorreita, que nos entra nos ossos e não permite que fiquemos estáticos. Nada de novo, é certo, mas a verdade é que já não podemos viver sem uma boa dose de rock.

Se já não podemos fazer nada sem rodas, também se torna difícil passarmos sem ouvir com atenção uma banda como os The Wild Booze. No momento, não interessa procurarmos saber se há pontas de inovação. Desconfiamos que as há, desde logo pelas letras inteligentes cantadas por Hugo Leite. Uma roda será sempre uma roda e continuaremos a ouvir rock para o resto das nossas vidas.

No entretanto, ficamos a aguardar pelo EP que a banda se prepara para lançar. A propósito, parece que foram os egípcios que inventaram a roda.

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