Jornal de Guimarães, Música

JdG / A Ouvir #22

Iggy Pop / Every Looser

(Gold Tooth / Atlantic, LP, 2023)

Poucos dias depois do início do ano novo, Iggy Pop lançou um disco novo. Ele continua a ser uma figura muito particular. Iggy Pop tem hoje 75 anos, o que é idade suficiente para ter atravessado todas as grandes transformações e ondas por que passou a música e a sua indústria nas últimas sete décadas. Natural do estado do Michigan, fundou os Stooges em 1957. Iggy Pop andou pelo CBGB e pelo Chelsea Hotel. Conheceu Warhol, Lou Reed, David Bowie nos anos 1960. Conhecemo-lo como um animal de palco, cujo corpo se curva e enruga e que se atira às multidões. Vi o Iggy Pop ao vivo por duas vezes, a primeira em 2011 e a segunda há poucos meses, em Vilar de Mouros. De ambas vezes recordo a força e energia da sua figura icónica no palco, mesmo que o corpo comece a impor limites ao seu ímpeto frenético. Nos últimos discos que tem lançado, temos ouvido a sua voz grave e surrada, como um narrador. Mas em 2023, Iggy Pop lança um disco novo e lança-se ao poderio sónico das guitarras e do ribombar de baixo e bateria em modo rock ‘n’ roll. Neste disco, junta-se a malta da pesada – Duff McKagan (dos Guns N’ Roses), Chad Smith (dos Red Hot Chili Peppers), Dave Navarro (dos Jane’s Addiction) e ainda numa das faixas do baterista Taylor Hawkins, baterista dos Foo Fighters que morreu no ano passado e que chegou a representar Iggy Pop no cinema.


Esmerine / Everything Was Forever Until It Was no More

(Constellation, LP, 2022)

Dá-me um gosto imenso descobrir música nova. Procuro apanhar o máximo que me chega pelas mais variadas vias. Penso algumas vezes no que está ainda por ouvir, mas que por qualquer desvio ainda não me chegou aos ouvidos. Atualmente, até já há uma sigla que descreve isso. FOMO, sigla para a expressão em inglês fear of missing out. Calma! Ainda não estou lá. Mas é quase como a antibiblioteca do Umberto Eco. Tudo isto para partilhar neste quadradinho uma descoberta recente, que após alguma pesquisa fiquei a saber que se trata de gente já conhecida. Falo-vos do quarteto canadiano Esmerine, que tem este disco de 2022, com um título comprido. É uma espécie de post-rock, mas sem guitarras. Tudo começou com Bruce Cawdron e Beckie Foon, aos quais se juntaram depois Brian Sanderson e Philippe Charbonneau. É quase um ensemble clássico, a música que entregam é cheia de alma, contemplativa e entusiasmante ao mesmo tempo. Para referência, e é aqui que percebo que esta é gente conhecida de outros grupos, Bruce Cawdron fez parte dos Godspeed You Black Emperor! e está nos Set Fire To Flames, onde está também a Beckie Foon que, por sua vez, esteve também nos A Silver Mt. Zion. Dá para perceber aqui um padrão. Sobre este disco de título comprido, é música de câmara contemporânea que se ouve repetidamente sem remorsos.

Estes textos foram originalmente publicados na edição de fevereiro de 2023 da revista do Jornal de Guimarães.

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O Que Faltava

O Que Faltava #43

Neste episódio a poesia da escritora galega Xela Arias, o filme “The Party”, de 1997, realizado por Sally Potter e ainda “Natal 71”, outro filme, este de 1999, realizado por Margarida Cardoso.

Na segunda parte do programa, falamos da ODE Orquestra de Dispositivos Eletrónicos, uma iniciativa do serviço educativo da Braga Media Arts; mais um filme, este de Cristèle Alves Meira, chamado “Alma Viva”, que passa na Casa da Artes de Famalicão, no dia 9 de fevereiro, integrado na programação do Cineclube de Joane. Finalmente, o concerto de Stefano Pilia, com Adrian Utley e Alessandra Novaga, dia 25 de fevereiro, no gnration, em Braga.

Ouvimos músicas de Angel Olsen, Ece Canlı e Iggy Pop.

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